Os quelóides e cicatrizes hipertróficas são tipos de cicatrizes benignas que acontecem pela proliferação anormal do tecido de granulação e depósito de colágeno após ocorrer alguma lesão na pele, levando a uma cicatriz elevada que pode se apresentar até como nodulações, com dor e coceira. A principal diferença entre as duas é que o crescimento do quelóide não respeita os limites originais do ferimento inicial, enquanto a cicatriz hipertrófica sim.

Uma vez formada a cicatriz anômala, caso haja algum sintoma no paciente ou desconforto estético, a terapêutica mais eficaz consiste na remoção cirúrgica da cicatriz, seguida de algum método adicional para prevenir a recidiva, como injeção local de corticóides ou a betaterapia.

As taxas de recidiva de quelóides chegam a 45-100% quando apenas utilizada a cirurgia, caindo para menos de 50% com a injeção de corticóides. A utilização da betaterapia após a cirurgia leva a uma redução da recidiva para taxas de 10-30%, sendo uma terapêutica altamente efetiva. O uso pós-operatório de bandagens de silicone em conjunto com a betaterapia potencialmente diminuem ainda mais a chance do problema voltar.

Mas, o que é a betaterapia? A betaterapia consiste em um tratamento de contato na região da cicatriz realizado com uma placa metálica radioativa (Estrôncio-90). Este tratamento indolor usualmente é realizado entre 4-10 sessões de 30 minutos , diariamente ou em dias alternados, conforme a indicação do médico rádio-oncologista. Por ter uma energia muito baixa, não há penetração da radiação além da superfície da pele, tratando apenas o local necessário.

Placa de Betaterapia

Pessoas com tendência a cicatrização hipertrófica ou formação de quelóides devem, quando possível, buscar a opinião de um médico radioterapeuta ou rádio-oncologista antes de se submeter a um procedimento cirúrgico, para que se possa em tempo hábil realizar a programação do tratamento com radiação, se este estiver indicado.  

Como todo tratamento, porém, não é isento de risco de haver algum efeito colateral. Agudamente, isto é, durante o tratamento ou logo após, é comum haver um escurecimento da pele ao redor da cicatriz, em um processo chamado radiodermite, ou radiodermatite. É um processo geralmente autolimitado, e a pele costuma clarear dentro de um período de 3 a 6 meses. Em alguns pacientes a pele pode demorar mais tempo para retornar ao normal. Cerca de 5% a 10% dos pacientes tratados podem ter algum tipo de discromia crônica ao redor da cicatriz, isto é, um escurecimento ou ainda um clareamento permanente da pele. Nestes casos algum tipo de tratamento a mais, com cremes ou uso de laser, pode ser necessário para melhorar o aspecto da cicatriz. Um outro risco é o desenvolvimento de telangectasias no local tratado, isto é, formação de pequenos vasos sanguíneos ao redor da cicatriz.

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Cirurgia e Betaterapia como solução de quelóides