A radioterapia é empregada nas pacientes com câncer de mama com o objetivo de diminuir a chance de recorrência local, havendo impacto no controle da doença e na sobrevida das pacientes.
De maneira geral, a radioterapia pode fazer parte do tratamento em algumas situações:
- em casos nos quais tenha sido feita uma cirurgia conservadora de mama;
- em casos nos quais tenha sido feita uma mastectomia, mas o tumor inicialmente era mais avançado;
- em casos nos quais exista acometimento de linfonodos pelo tumor;
- em casos nos quais tenha restado tumor após a cirurgia (margens comprometidas).
Os efeitos colaterais agudos decorrentes da radioterapia são geralmente temporários, e tipicamente diminuem muito ou desaparecem após o fim do tratamento. Os efeitos que podem ocorrer durante o tratamento:
- Irritação da pele, de maneira semelhante a queimadura solar, algumas vezes com uma reação descamativa próximo ao final do tratamento. Pacientes mais sensíveis à radiação às vezes podem apresentar reação descamativa úmida, especialmente próximo à axila e em região do sulco inframamário.
- Inchaço da mama pode ser leve a moderado, levando a uma sensação de peso no lado tratado.
- Sensibilidade moderada na mama ou no tórax, que melhora de maneira devagar após o término do tratamento. Episódios de dor também podem ocorrer, apesar de raros.
- Dor de garganta e rouquidão são sintomas que podem ocorrer se além da mama estiverem sendo tratados os gânglios linfáticos localizados na fossa supraclavicular (popular "saboneteira", região entre o pescoço e o ombro).
- Fadiga moderada, que geralmente melhora um mês ou dois após o tratamento.
Muitos deste efeitos colaterais podem ser controlados com medicações, sendo importante a comunicação com a equipe multiprofissional que assiste o paciente a fim de que possam ajudar no manejo dos sintomas.
Após a resolução dos efeitos agudos da radioterapia, outros podem aparecer ou não, meses ou anos após:
- Endurecimento da mama ou pequeno encolhimento da mesma.
- Mudança na coloração da mama ou na espessura da pele, com aparecimento eventual de pequenos vasos sanguíneos na pele.
- Aparecimento de cicatriz em uma pequena parte do pulmão logo abaixo da mama, visível através de RX ou tomografia. Geralmente não são notados efeitos colaterais respiratórios, mas raramente pode haver tosse seca e falta de ar que é tratável.
- Leve diminuição da amplitude de movimento do ombro e/ou desconforto no ombro.
- Inchaço crônico de mama, mão e braço do lado tratado, chamado de linfedema. Pode ocorrer, mas depende da extensão da cirurgia e da radioterapia.
Pacientes com próteses mamárias possuem uma chance mais elevada de terem complicações com os implantes. É descrito na literatura uma taxa de complicações em torno de 15% em pacientes que não sofreram radioterapia. A radioterapia pode elevar a taxa de complicações para cerca de 30-40%.
Efeitos colaterais potenciais muito raros podem incluir lesão cardíaca em tumores do lado esquerdo, ou novos tumores causados pela radioterapia, porém são efeitos que raramente ocorrem. Muitos fatores afetam o risco para estes efeitos colaterais, sendo importante uma conversa com o rádio-oncologista para entender as chances deles ocorrerem.
Cuidados Durante o Tratamento
- Descanse bastante durante o tratamento, e não tenha medo de pedir por ajuda.
- Siga os conselhos do rádio-oncologista e da equipe multiprofissional. Pergunte sempre que não tiver certeza sobre alguma coisa.
- Não existem perguntas bobas.
- Avise o rádio-oncologista sobre quaisquer medicações, vitaminas ou suplementos que estiver usando, para ter certeza que são seguros durante a radioterapia.
- Coma uma dieta balanceada e beba bastante líquidos. Se a comida tiver um gosto estranho, ou se você tiver problemas para se alimentar, avise o médico rádio-oncologista, enfermeira ou nutricionista.
- Trate a pele exposta à radiação com especial cuidado. Fique longe do sol, evite compressas quentes ou geladas na região, use apenas loções e cremes depois de checar com o médico ou a enfermeira, e limpe a região com água e sabonete neutro.
- Lidar com o estresse do diagnóstico de câncer pode ser difícil. Pode ser importante procurar suporte de grupos de ajuda, psicólogos, familiares e amigos.