Os tumores malignos mais comuns na coluna vertebral são as metástases, que são lesões provenientes de um câncer distante que migrou para a coluna através do sangue. Considerando todos pacientes com os mais diversos tipos de câncer, cerca de 5 a 10% desenvolvem metástases em coluna. Desses, apenas 10% apresentam sintomas.

Os tumores primários que mais frequentemente geram metástases na coluna são o câncer de próstata, o câncer de mama e e o câncer de pulmão. Isto ocorre devido à drenagem sanguínea venosa através do Plexo de Batson, que constitui uma rede de veias sem válvulas que conecta vasos pélvicos profundos e as veias torácicas (drenando parte inferior da bexiga, as mamas e a próstata) aos plexos venosos vertebrais internos.

Imagem do plexo venoso de Batson.

Sintomas mais comuns de metástases na coluna:

A avaliação clínica de tumores metastáticos em coluna inclui todo um time multidisciplinar constituído por oncologista clínico, rádio-oncologista (radioterapeuta) e pelo médico especialista em coluna. Realiza-se análise do histórico do paciente e exame físico. Após isso, solicitam-se exames de imagem, exames laboratoriais e biópsia (quando indicada).

A modalidade de tratamento a ser empregada depende dos sintomas apresentados, da região acometida, do estado de desempenho do paciente e do tipo de tumor.

Tratamento

 Pacientes com metástases na coluna possuem uma doença sistêmica, ou seja, teoricamente há outras células tumorais circulando pelo corpo. Dessa forma, é fundamental que seja realizado tratamento sistêmico, com uso de drogas (quimioterapia, imunoterapia, anticorpos monoclonais, bisfosfonatos, hormonioterapia e radionuclídeos) que possam agir em todo organismo.

tratamento local da lesão metastática pode e deve ser realizado em algumas situações, após conversa multidisciplinar (profissionais de diferentes especialidades) e individualização do caso do paciente.

As principais razões para tratamento local de metástases na coluna são:

Exemplo de metástase na coluna provocando compressão medular

Modalidades de Tratamento

Radioterapia

Radioterapia é tratamento no qual são utilizadas radiações ionizantes (Raios X, Raios Gama, Prótons, Elétrons) direcionadas à vertebra, a fim de promover morte tumoral. O tratamento é fracionado entre uma a 20 sessões. Para tumores de coluna, a técnica mais utilizada é a teleterapia. Nela, são utilizados feixes de radiação a partir de uma fonte radioativa externa ao paciente. Teleterapia pode ser empregada isoladamente ou após a cirurgia, sendo de suma importância discussão multidisciplinar no processo decisório terapêutico destes pacientes.

Diversas tecnologias podem ser empregadas:

combinação das técnicas  mais modernas de radioterapia como RT3D/ IMRT/ VMAT com IGRT permite que altas doses de radiação sejam administradas em poucas sessões de radioterapia. Essa técnica se denomina Radioterapia Estereotática Ablativa (Stereotactic Ablative Radiotherapy- SAbR) ou Radioterapia Estereotática Corpórea (Stereotactic Body Radiation Therapy- SBRT), que oferece altas taxas de controle da doença tratada.

Distribuição de dose de radiação em vértebra acometida por metástase

Vertebroplastia / Cifoplastia Percutânea

São procedimentos minimamente invasivos para injeção de cimento cirúrgico no interior da vértebra fraturada. Ambos são guiados por fluoroscopia (filme de RX) ou tomografia computadorizada. A diferença entre eles é que na cifoplastia são insulflados pequenos balões no interior do corpo vertebral, a fim de restaurar altura vertebral. Outra vantagem da cifoplastia é a possibilidade de injeção de cimento cirúrgico sob menor pressão na cavidade previamente criada pelo balão, minimizando risco de extravasamento indesejado de cimento.

Injeção percutânea de cimento ósseo na coluna (vertebroplastia / cifoplastia)

Cirurgia

Diversos tipos de cirurgia podem ser realizadas em metástases na coluna, a depender de cada caso específico. As técnicas mais utilizadas são laminectomia (muito utilizada para descompressão da medula), ressecção/ descompressão circunferencial e até mesmo vertebrectomia (retirada da vértebra acometida). Além disso, quando há instabilidade mecânica, associa-se artrodese (fusão) da coluna, com finalidade de promover estabilidade. Nessa situação, utilizam-se parafusos metálicos ligados por hastes longitudinais. Muitas vezes também, para melhor controle local após a cirurgia, pode ser necessária a adição de radioterapia. 

Laminectomia (retirada da lâmina) lombar.

Parafusos pediculares.

Radiografias pós operatórias de laminectomia e artrodese por metástase na coluna (tumor de tireóide).

Autores:

Dr. Icaro Thiago de Carvalho

Médico Rádio-Oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein 

Dr. Alberto Gotfryd

Médico ortopedista especialista em coluna. Mestre, Doutor e Pós Doutor em Medicina.

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