O câncer de próstata é o câncer mais comum encontrado nos homens, quando excluídos os cânceres de pele não melanoma, com uma estimativa de 65.840 novos casos em 2020 no Brasil. Estima-se também que um em cada seis homens desenvolverão câncer de próstata durante a sua vida.
Mas, o que é a próstata?
A próstata é uma pequena glândula que é parte do sistema reprodutivo masculino, tendo aproximadamente o tamanho de uma noz, ficando logo abaixo da bexiga e anterior ao reto. A próstata produz parte do fluído que compõe o sêmen.
Quais médicos tratam o câncer de próstata?
Dependendo das características do paciente e do tumor, diferentes especialistas médicos podem fazer parte da equipe de tratamento, incluindo:
- Urologista: cirurgiões especialistas no tratamento de doenças do sistema urinário e do sistema reprodutor masculino
- Rádio-oncologista ou Radioterapeuta: médico que trata do câncer utilizando radioterapia
- Oncologista clínico: médico que trata do câncer com remédios como quimioterapia, hormonioterapia e imunoterapia.
Outros especialistas poderão participar do time de tratamento, incluindo enfermeiras, psicólogos, assistentes sociais, especialistas em nutrição,
especialistas em reabilitação, e outros profissionais da saúde.
Decisão do Tratamento
A escolha do tratamento para o câncer de próstata depende de uma série de variáveis, e é importante discutir com os médicos os objetivos e efeitos colaterais possíveis. São coisas importantes para serem consideradas:
- Idade do paciente e expectativa de vida
- Outras doenças que o paciente possua
- O estágio e grau do tumor
- A chance de cura ou qual benefício o tratamento trará
- Expectativas do paciente
Idealmente, para a decisão do tratamento é importante consultar o urologista, o rádio-oncologista e o oncologista clínico para conhecer as opções possíveis para o seu caso.
Opções de Tratamento
Existem várias opções de tratamento para o câncer de próstata, e muitas vezes é necessária a associação de modalidades terapêuticas para um melhor resultado.
- Cirurgia
A cirurgia é uma das modalidades de tratamento do câncer de próstata. A papel do urologista é de suma relevância, indo desde estabelecer a hipótese de câncer através da história e exame físico do paciente, da realização de biópsias, passando pela ressecção da próstata em si.
A cirurgia para retirada da próstata chama-se prostatectomia, podendo ser realizada de maneira aberta convencional, ou através de videolaparoscopia, ou ainda por via laparoscópica robô-assistida.
Cirurgia Laparoscópica Assistida por Robô
- Radioterapia
- Teleterapia: É a técnica mais utilizada de radioterapia, envovendo o uso de radiação (geralmente raios-X) de maneira focada, para matar as células tumorais, em um aparelho chamado Acelerador Linear. O tecido sadio circunjacente pode ser afetado também, porém as células normais possuem maior capacidade de se curar dos efeitos da radiação do que o tumor. Novas tecnologias em radioterapia, como o IMRT e o VMAT, também permitem a diminuição da dose de radiação nos órgãos em torno da próstata. Tradicionalmente o tratamento com finalidade curativa dura cerca de 35-40 sessões, mas a depender das características do tumor, dos sintomas urinários e comorbidades do paciente, e também da escolha do doente, pode-se realizar o tratamento em cerca de 20 sessões (hipofracionamento) ou 5- 6 sessões (ultrahipofracionamento). Naqueles pacientes já operados, e cuja doença voltou, a radioterapia pode ser utilizada como um tratamento de resgate com finalidade curativa. A radioterapia pode ainda ser empregada na paliação de pacientes com metástases, ou no tratamento ablativo de oligometástases (até 5 metástases).
- Braquiterapia: Envolve o uso de radiação através de fontes radioativas que são empregadas para tratar diretamente a próstata, através de implantes temporários ou definitivos.
Pode ser utilizada como terapia única ou ainda como uma maneira a dar mais dose de radiação após a teleterapia, dependendo do estágio do tumor, características da próstata e sintomas do paciente.
Acelerador Linear- Aparelho de Teleterapia
- Tratamentos Medicamentosos
- Enquanto a cirurgia e a radioterapia focam diretamente em tratar o tumor, a terapia medicamentosa geralmente é recomendada para melhorar as taxas de cura, sendo geralmente o oncologista clínico responsável por avaliar e determinar quais medicações podem ajudar mais. Existem duas categorias principais:
- A Hormonioterapia, ou Deprivação Androgênica, ou Bloqueio Androgênico, ou ainda Terapia de Deprivação Hormonal, consiste em diminuir os níveis sanguíneos do hormônio masculino, a testosterona, ou bloquear os receptores de testosterona nas células, ou ainda bloquear a produção de andrógenos intracelulares. Pode ser utilizada conjuntamente com a radioterapia em alguns casos, ou para combater a doença metastática.
- A Quimioterapia tem a habilidade de destruir células tumorais por diferentes métodos, podendo algumas vezes ser necessária a combinação de uma ou mais drogas. Geralmente é utilizada em casos metastáticos.
- Enquanto a cirurgia e a radioterapia focam diretamente em tratar o tumor, a terapia medicamentosa geralmente é recomendada para melhorar as taxas de cura, sendo geralmente o oncologista clínico responsável por avaliar e determinar quais medicações podem ajudar mais. Existem duas categorias principais:
Etapas para a realização da radioterapia
Uma vez que já houve indicação da radioterapia para o paciente com câncer de próstata pelo médico rádio-oncologista, existem passos a serem realizados antes do início efetivo do tratamento, o que pode muitas vezes levar cerca de uma ou duas semanas, a depender da complexidade do que necessita ser realizado. Sabe-se que há ansiedade do paciente para o início rápido do tratamento do câncer, mas para haver boas chances de cura os procedimentos precisam ser bem feitos, sendo preparo semelhante realizado nos melhores centros oncológicos do mundo.
- Exames→ não é raro que o médico rádio-oncologista necessite de mais exames, tais como ressonância magnética, PET, dentre outros, para a correta definição do local a ser tratado, e também para melhor visualização de estruturas muito sensíveis a radiação.
- Tomografia de Simulação→ para a realização do planejamento do tratamento é necessária a realização de uma tomografia no próprio serviço de radioterapia onde o doente será tratado. A fim de imobilizar o paciente e reproduzir o posicionamento no dia-a-dia de tratamento, poderão ser utilizados apoios para os pés, para os joelhos, ou realizada a confecção de um tipo de colchão que se amolda ao formato do corpo do paciente (VacFix ou Alpha-Craddle). Após a realização do exame, o paciente é dispensado para ir para casa e aguardar a convocação para o tratamento.
- Planejamento do Tratamento→ é uma etapa que é feita sem o paciente estar presente. As imagens adquiridas na tomografia de simulação são transferidas para um sistema computadorizado, e nele o médico rádio-oncologista definirá as regiões a serem tratadas e as regiões que não podem receber doses elevadas de radiação. Uma vez feito isto, os dosimetristas e físicos médicos elaboram um plano de como o Acelerador Linear (máquina de radioterapia) se comportará para alcançar os objetivos estabelecidos pelo médico. Estando pronto o plano, ele é revisto pelo rádio-
oncologista, que aprova o plano ou sugere novas modificações, até a aprovação final.
- Controle de Qualidade→ nesta etapa é verificado se o que foi planejado do sistema computadorizado pode ser realizado de maneira igual na
máquina de radioterapia.
- Tratamento→ o paciente então é convocado e inicia o tratamento no Acelerador Linear. A administração da radiação é realizada pelo técnico/ tecnólogo em radioterapia, com cada sessão de radioterapia durando entre 10 e 30 minutos. Existem vários esquemas de tratamento que podem ser realizados, a ser definido pelo rádio-oncologista conforme o caso. Durante o tratamento o paciente deve passar semanalmente em consulta com o médico rádio-oncologista, e muitas vezes com outros membros da equipe multiprofissional.
Efeitos Colaterais da Radioterapia
Os efeitos colaterais dependem da região sendo tratada, da dose de radiação utilizada e da sensibilidade individual do paciente à radiação. O efeitos podem ser divididos entre agudos e crônicos. Os agudos, quando aparecem, costumam ocorrer por volta da segunda ou terceira semana de tratamento, podendo persistir por até 2 meses após o término da radioterapia. O crônicos aparecem meses ou anos após o término da radioterapia. No tratamento do câncer de próstata, vale a pena citar:
- Irritação da bexiga com aumento da vontade de urinar
- Irritação da uretra e inchaço da próstata, vendo a ardor ao urinar
- Irritação do intestino, com cólicas, pressão no reto ou diarreia
- Fadiga, na qual você se sente cansado grande parte do tempo
- Pode haver perda de pêlos na região púbica, que pode ser permanente ou temporária
- Os pacientes podem experimentar dificuldade de atingir ereção a longo prazo
- Sangramento é um efeito que pode acontecer meses/ anos após a radioterapia, podendo ocorrer junto com as fezes ou junto com a urina
Se experimentar efeitos colaterais durante o tratamento ou após, não deixe de avisar o médico rádio-oncologista, pois podem existir medicamentos e/ou procedimentos que podem resolver ou mitigar os sintomas.
Referências:
https://www.inca.gov.br/
https://www.rtanswers.org/